Olímpia Belém
Nasceu na cidade de São Paulo de Muriaré, Estado de Minas Gerais, no dia 20 de julho de 1880, e desencarnou no Rio de Janeiro, a 26 de agosto de 1969.
Era filha de Herculano Gomes de Souza e D. Olímpia Júdice Gomes de Souza.
Aos 12 anos de idade concluiu o seu curso primário, ingressando no famoso Colégio Americano Metodista, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Foi aluna exemplar, muito querida por suas colegas e mestras, dedicada extremamente aos estudos e à observância dos preceitos da Igreja Luterana, a religião de seus pais.
No ano de 1896, concluiu o seu curso.
No dia 7 de maio de 1897 contraiu matrimônio com o jovem Olindo Belém, artista arrojado e pioneiro de numerosas iniciativas, sendo por isso citado nas crônicas de muitos jornais da época ...
Seu esposo era também da mesma religião e, quando aluno do Colégio Grambery, chegou a fazer pregações ao lado de famosos pastores protestantes.
De seu casamento tiveram 15 filhos, 12 dos quais criaram-se e constituíram famílias, todos vindo, mais tarde a se tornar espíritas. O seu matrimônio trouxe-lhe alegrias e vicissitudes.
Passou a viver em várias cidades, dentre elas Belo Horizonte, Sabará, Cristais e Campo Belo. Investida da responsabilidade de acompanhar o esposo, via-se freqüentemente na necessidade de emigrar para outras regiões.
Em 1921, estabeleceram-se definitivamente na cidade do Rio de Janeiro, onde as circunstâncias contrariaram frontalmente o estilo de vida do esposo, provinciano e sertanejo.
Na antiga Capital Federal ele aquietou-se, vivendo de recordações do passado e dos dias de glórias vividos entre os mais preeminentes intelectuais e políticos do Estado de Minas Gerais. O contrário sucedeu com Olímpia Belém, que se transformou em mulher resoluta e dinâmica, tanto no lar, como no seio da sociedade.
Com a desencarnação de sua filha Oraiza, ela que já havia então tomado conhecimento da Doutrina Espírita, através dos livros da Codificação Kardequiana, teve a sua mediunidade desabrochada e passou a receber comunicações espirituais de sua amada filha.
Procurou o Centro Espírita Cristófilo, no bairro do Catete, onde o famoso médium cego Porfírio Bezerra desenvolvia um trabalho doutrinário invulgar e também ministrava receitas de medicamentos, orientadas por Espíritos benfeitores.
Nessa instituição ela sentiu sua verdadeira inclinação para o Espiritismo, do qual se tornou adepta convicta.
Portadora de mediunidade excepcional, dedicou-se com afinco à tarefa de amparar doentes e necessitados. A sua residência tornou-se, dentro em pouco, em verdadeiro refúgio para a pobreza do bairro, que ali ia em busca de remédios, de palavras de conforto, de roupas usadas, de agasalhos; todos passaram a procurar o concurso e a assistência de Dona Nena, como passaram a chamá-la carinhosamente na intimidade.
O seu trabalho de assistência social, impulsionou-a para uma situação de relevo, tornando-se grande benfeitora da infância desvalida e da pobreza envergonhada, verdadeira missionária colocada a serviço de Jesus Cristo.
O seu trabalho, entretanto, expandiu-se sobremodo, de forma que era requisitada para proferir palestras e conferências em muitos Centros Espíritas do antigo Distrito Federal.
Passou a escrever para numerosos órgãos da imprensa espírita brasileira. Muitos dos seus artigos foram publicados nos tradicionais órgãos “Aurora”, “Mundo Espírita”, “A Centelha” e outros.
Poetisa, produziu elevado número de poesias e sonetos, publicando-os na imprensa espírita. Deixou ainda quatro livros publicados, dentre eles dois romances mediúnicos: “Jerusa” e “Dolória”, além de dois livros inéditos, um de poesias e outro de mensagens espirituais.
Passando a residir no bairro da Tijuca, ali fundou o Centro Espírita Discípulos de Jesus, pelo qual passaram numerosos espíritas preeminentes, como João Torres, Arthur Machado, Daniel Cristóvão, De Paula Machado, Ruth Santana (diretora da Casa de Lázara), Aurino Barbosa Souto, Esmeralda Bittencourt e muitos outros.
De lá saíram também outras instituições, tais como a União dos Discípulos de Jesus, sociedade que alcançou grande projeção quando foi dirigida por Nélson Batista de Azevedo.
Em 18 de janeiro de 1937, fundou a obra assistencial de amparo à menina órfã e abandonada, a cuja tarefa Olímpia Belém dedicou toda a sua vida, tendo por lá passado, desde a sua fundação mais de 1000 jovens.
Prevendo a sua desencarnação, Olímpia Gomes de Souza Belém, escreveu e guardou dentro de um Evangelho, uma folha de papel encontrada posteriormente por sua filha Omariza Belém, hoje a substituta na direção da Casa, as seguintes palavras: “Ao morrer, meu corpo ficará as horas de praxe em humilde caixão, sobre a mesa do Centro dos meus trabalhos, pelos quais a tudo renunciei, exposto à visitação dos que se lembrarem de oferecer-me uma prece. Meu Espírito, por certo, estará bem longe, só Deus o sabe. A minha família e minhas filhas adotivas não deverão prantear-me, mas glorificar a Jesus, pela sua Divina Obra de Amor e Caridade, que permitiu à mais humilde criatura concretizar, em realidade, a grande e colossal obra de fraternidade, da qual fui idealizadora e para a qual renunciei à vida, com amor e devotamento”.
Alguns dias antes de desencarnar escreveu suas últimas quadrinhas:
“Ao mundo vim para sofrer
Só vivo carpindo a dor,
Mas me valerá morrer,
Em pura missão de amor!
Amor, que me santifica,
Embora a outros contriste,
A dor que me purifica,
Para muitos não existe.
LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves. Personagens do Espiritismo. Edições FEESP, 1982. 1ª edição, SP.
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