Júlia Pêgo de Amorim
Nasceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de setembro de 1879, sendo a primogênita do casal Marechal Antonio José Maria Pêgo Júnior e de D. Júlia Amália da Silva Pêgo. Diplomou-se em professora, pela antiga Escola Normal do DF, em 1898, lecionando em várias Escolas da Capital. Ocupou o cargo de Diretora de Música, da Escola Normal, estagiou na Escola “Benjamin Constant”, na Praia Vermelha, para cegos e foi diretora da Escola Pública de São Cristóvão, então 6º Distrito Escolar.
Casou-se em 1899, com o Dr. Aurélio D’Amorim, oficial do Exército, e foram residir no Alto da Boa Vista. Notando a ausência de Escolas naquela localidade, D. Júlia empenhou-se junto à Prefeitura Municipal, para que ali se fundasse uma, cedendo uma de suas salas para que funcionasse a primeira Escola do Alto da Boa Vista, mais tarde substituída pela Escola “Menezes Vieira”, ainda hoje existente no populoso bairro, da qual foi a primeira Diretora.
De família espírita, D. Júlia Pêgo de Amorim fez-se abnegada trabalhadora da Doutrina. Sua tia D. Engrácia Ferreira, pioneira do alfabeto Braille para cegos, desencarnou a 21 de abril de 1937. Menos de um mês depois, a 6 de maio, comunicava-se através de Chico Xavier, dando uma mensagem dirigida a D. Júlia, solicitando a continuação de sua obra. Onze dias depois, Chico recebe a segunda mensagem, agora na própria grafia do braille, que foi publicada em “Reformador” de junho de 1938; diz uma nota de rodapé da revista que o médium, por não conhecer o alfabeto braille, levou duas horas para receber essa comunicação psicográfica. Reproduzimos fotograficamente essa mensagem, que, em nosso abecedário, é assim transcrita: “Minha boa Julinha, a Paz de Deus, nosso Pai, seja em teu generoso coração, sempre tão cheio de fé. Trabalhemos pelos cegos, minha filha, pensando que a cegueira do espírito é bem mais triste que a dos olhos. Hei de ajudar-te com o favor de Deus. A tia - Engrácia.”
No dia 16 de novembro de 1938, transmite a 3ª mensagem, sugerindo que ela transpusesse para o Braille determinado Dicionário de Português, obra que havia deixada inacabada. D. Júlia atendendo a solicitação da querida amiga espiritual, aprendeu sozinha o alfabeto Braille, copiando letra por letra; para certificar-se, pediu a um cego que lesse o que havia escrito, cujo resultado encheu-lhe de alegrias e a partir daí, transformou-se numa verdadeira missionária do Braille.
Reuniu em sua casa várias senhoras interessadas nessa obra de altruísmo, na prática do ensino Braille. Em 1939, iniciou a transcrição do Dicionário da Língua Portuguesa, da autoria de Hildebrando Lima e Gustavo Barroso, cujo trabalho durou cerca de quatro anos, dando ao todo 64 volumes. Em 1945, Chico Xavier recebe a 5ª mensagem do Espírito Engrácia Ferreira, agradecendo a sobrinha o atendimento e o valioso trabalho em prol dos cegos.
D. Júlia iniciou um curso gratuito do Braille no centro da cidade, visando maior número de colaboradores. Transcreveu para esse alfabeto inúmeras obras espíritas e não espíritas, entre as quais: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, “Agenda Cristã”, “Cartas do Evangelho”, “Voltei”, “Pequenas Mensagens” e muitos outros, todos doados à Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille” (SPLEB).
A sua desencarnação ocorreu no Rio de Janeiro, em 29 de novembro de 1974, aos 95 anos de idade, dos quais 37 dedicados à Doutrina Espírita e ao Braille. Deixou exemplos dignificantes, de quanto vale entender o Evangelho de Jesus e sua Doutrina, que enseja a fé raciocinada, capaz de separar a letra que mata, do espírito que vivifica.
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