Jacques Aboab
Nascido em Constantinopla (Istambul), capital da Turquia, no dia 15 de abril de 1889, desencarnou no Rio de Janeiro, a 5 de fevereiro de 1969.
Judeu de nascimento, filho de Benedito Aboab e Clarisse Aboab, viveu toda sua infância na Argélia, ao norte da África. Em sua adolescência, transferiu sua residência para a França desde a Bretanha ao Midi e do Atlântico à Lorena, ganhando duramente a vida com o suor do seu rosto, nessa laboriosa tarefa de todos os dias. Aprendeu a falar corretamente o idioma francês.
Ainda como mascate, percorreu vários países da Europa e do Oriente próximo, principalmente a Grécia e o Egito. Posteriormente viajou para a América do Sul, percorrendo vários países. Por fim, fixou residência definitiva no Brasil, que, com o seu espírito nômade, percorreu todo, repetindo aqui a sua experiência adquirida na França, no constante labor pela sobrevivência. Com o seu baú de miudezas, ia de porta em porta, no contato com a nossa gente, amou profundamente a Patria brasileira, adotando-a como sua. Em suas andanças conheceu a excelência da Doutrina Espírita, justamente em Recife, Pernambuco. A convite de amigos visitou a “Casa dos Espíritas de Pernambuco”, no bairro das Graças, o seu primeiro contato com a Doutrina, fazendo-se adepto sincero e fervoroso. Como judeu, estava acima de quaisquer discriminações raciais, havendo aceito os Evangelhos de Jesus de todo o seu coração. Jesus, que fora o maior Profeta de sua raça, a expressão máxima de toda a Humanidade.
Transferindo-se para o Rio de Janeiro em definitivo, aqui se iniciou no “Ide e pregai”, percorrendo os Centros Espíritas, levando sua palavra e a sua fé imorredoura nas promessas de Jesus, que amou com toda sua alma de crente. Em sua loja, na Rua Moncorvo Filho, fundou o Grupo Espírita “André Luiz”, hoje situado na Rua Jiquibar, na Praça da Bandeira, em sede própria.
Logo começou a ser solicitado para orador de Semanas Espíritas, confraternizações e outros acontecimentos. Viajou por vários Estados do Brasil, levando sua palavra evangelizada. Onde quer que se organizasse uma Semana Espírita, lá estava o Jacques, como ave canora, com sua ternura, seu amor e o desejo sincero de evangelizar as massas. Como espírita deixou uma folha enorme de serviços prestados. Fundou várias Instituições, trabalhou e cooperou eficientemente, na certeza absoluta da imortalidade da alma, dando tudo de si, como espírita, como amigo e como irmão. Como pregador, muito se destacou na Seara, pela sua maneira dócil e interpretativa dos textos e parábolas evangélicas, vivendo-as com sentimento e ternura sem igual, prendendo a atenção da assistência que acorria em massa para ouvi-lo.
O médium Peixotinho trabalhou por vários anos ao seu lado, no Grupo Espírita “André Luiz”, com sua mediunidade de efeitos físicos, produzindo fenômenos de materializações e de curas. Foi diretor da Maternidade “Casa da Mãe Pobre”, outra nobre e respeitável instituição, que mereceu todo o seu trabalho e dedicação. Foi grande na sua simplicidade, espírito liberal, seareiro da primeira hora, inteiramente convencido de que só o amor constrói para a vida. Sentia no âmago do coração, em todos os instantes, as sábias e eternas lições! Todos vibravam diante da mansidão e serenidade de seu verbo, emoldurado de expressões salutares.
Possuía liderança espírita e reconhecida humildade, seus atos e suas atitudes condiziam com os ensinamentos pregados e exemplificados por Jesus. Muitos o trataram por papai Jacques, tal o respeito e a admiração que sua figura veneranda infundia na alma de seus correligionários, principalmente da mocidade pela qual era por demais querido e estimado.
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