Epes Sargent

Epes Sargent nasceu no estado americano de Massachusetts em 27 de setembro de 1813 e desencarnou em 30 de dezembro de 1880.

Sua vida apresenta muitos pontos de semelhança com a de Allan Kardec, nascido nove anos antes.

Ambos produziram excelentes livros didáticos; defenderam com heróica bravura, até o fim de suas vidas, o Espiritismo nascente; diminuíram todas as atividades da vida para tratarem principalmente do novo ideal; foram casados e não tiveram filhos; escreviam com muita clareza, ao alcance de todas as pessoas; dominavam línguas de importância mundial e foram contemporâneos.

Estes e outros pormenores revelam que desempenharam o papel de missionários da mesma obra de transformação do mundo materialista em mundo espiritualista, e deixaram livros que cumpre reimprimir sempre até que realizem seu glorioso destino: a conversão da humanidade.

Epes destacou-se como fecundo escritor, sobressaindo-se com marca de genialidade nos inúmeros jornais em que trabalhou, oferecendo ao público milhares de artigos, cujos temas de tão variados, fizeram longas incursões pelos caminhos da filosofia, da moral e da ciência com talentosa fertilidade.

Escreveu narrativas, comédias, tragédias, dramas, e obras primas da poesia tais como Canções do Mar e outros poemas que arrancou elogios dos mais famosos críticos literários americanos.

No plano educacional, ele contribuiu sobremaneira, escrevendo obras didáticas para estudante e até para professores, o que lhe conferiu o título de educador emérito, sendo o seu nome citado nos mais longínquos rincões da América.

Não havia escola nos Estados Unidos onde o seu nome não figurasse como autor a ser lido e comentado, contribuindo assim para a formação intelectual e o enriquecimento moral da juventude de seu país.

Homem de conhecimentos diversificados, dotado de polivalência cultural, não lhe faltavam pedidos para a composição de versos apropriados para ocasiões especiais, principalmente para representações teatrais.

De 1852 a 1856 editou em numerosos livros as vidas e produções de célebres poetas ingleses entre eles Thomas Hood, Rogers, Collins, Thomas Campbell, Thomas Gray e Goldsmith, além de traduzir para o seu idioma importantes obras literárias.

Nos últimos 30 anos de sua existência, Sargent veio a interessar-se pelo Espiritismo, estudando-o contínua e profundamente, dedicando muito de suas energias em procurar absorver toda a sabedoria que esta doutrina encerra.

Cético a princípio, assistiu a inúmeras experiências e realizando-as igualmente por conta própria, não demorou a convencer-se da veracidade dos fenômenos observados, passando a defender a nova realidade que lhe transformara o intelecto dotando-o agora de uma aura brilhante, fruto do seu entusiasmo e vontade firme.

Pensador profundo, espírito indagador e emancipado de preconceitos científicos ou religiosos é soube extrair de fatos a que observou, uma bela e grandiosa filosofia espírita da vida universal e dos destinos do homem, em particular.

Sua inteligência e sua pena materializando belas páginas sobre a consistância do Espiritismo invadiram os maiores periódicos americanos.

Em contínua comunicação com líderes espiritistas de sua pátria e de toda Europa, Epes Sargent mantinha-se informado da evolução teórica do Espiritismo, bem como das pesquisas que homens sérios efetuavam iniciando o soterramento da velha era do materialismo.

Em plena atividade literária, Epes contraiu uma afecção pulmonar da qual nunca mais se recuperaria.

Nos últimos dois anos de sua via, seu estado orgânico debilitou-se com o surgimento de um câncer na boca, que lhe impedia a manifestação oral sem contudo neutralizar-lhe as atividades intelectuais concentradas na elaboração da fase final do seu último trabalho: Bases Científicas do Espiritismo. Em 1880 a doença lhe absorveu as últimas reservas de forças vitais.

Estava concluída a grandiosa obra da sua vida que jamais seria esquecida.

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Nascido no dia 27 de setembro de 1813, na cidade de Gloucester, Massachusetts, Estados Unidos, e desencarnado a 30 de dezembro de 1880.

Era filho do mestre de navios Epes Sargent e de Hannah Dane Coffin, e pertencia à linhagem de William Sargent, a quem o governo havia concedido a posse de terras na região de Gloucester, no ano de 1678.

Seus ancestrais foram John Winthroup e Joseph Dudley, antigos governantes da colônia inglesa de Massachusetts.

Transferindo seu domicílio de Gloucester para Roxbury, nas vizinhanças de Boston, no ano de 1818, o genitor de Epes Sargent ali se dedicou ao comércio, no que não foi muito feliz, retornando à sua antiga cidade, onde se dedicou novamente à pesca.

Esse descontrole financeiro, no entanto, não afetou o aculturamento dos filhos, principalmente por ver em Epes Sargent um jovem superdotado, de inteligência.

Por isso matriculou-o na "Escola Latina de Boston" onde ele revelou invulgar tendência para a literatura, tendo-se graduado em 1829.

Nessa época visitou a Rússia em companhia de seu pai.

Atingindo a idade dos trinta anos, fez parte do corpo redatorial de importantes periódicos editados na época.

Posteriormente tornou-se correspondente político do "Boston Daily Atlas", em Washington.

Na capital norte-americana teve a oportunidade de contrair a amizade de numerosos políticos, especialmente de membros do Partido Liberal Whig, aproveitando o ensejo para ,publicar, em 1842, o seu notável livro "A Vida e os Serviços Públicos de Henry Clay".

Logo a seguir lançou a obra "A Noiva de Gênova" e a tragédia "Velasco", escrita também em 1837 e lançada em 1839.

Nessa época partiu para Nova Iorque, onde permaneceu durante oito anos, trabalhando no celebre jornal "The New York Mirror", fazendo parte, logo a seguir, do "The New World" e do "New Monthly Magazine".

Não demorou muito e lançou o seu próprio jornal "Sargent's New Monthly Standard", que teve vida efêmera.

Retornando a Boston, em 1847, participou do corpo redatorial de numerosos órgãos publicitários, dentre eles o "Boston Evening Transcript", "The School Monthly", "The Knickerbocker Magazine" e "The Atlantic Monthly".

Justamente no ano que regressou a Boston, deu à publicidade o seu melhor volume de versos, intitulado "Canções do Mar, com outros Poemas".

Sargent casou-se a 10 de maio de 1848, com Elisabeth W. Weld, de Roxbury, não tendo tido descendentes diretos.

As suas atividades no campo educacional foram de grande relevância.

Escreveu uma quantidade apreciável de obras destinadas a estudantes e professores, tendo mesmo sido catalogado como educador emérito, tornando-se famoso em toda a América do Norte, na segunda metade do século passado.

A sua obra "The Standard Speaker", publicada em Filadélfia no ano de 1852, alcançou mais de sessenta edições.

De 1852 a 1873 escreveu numerosos compêndios e manuais de Instrução, os quais foram largamente adotados nos colégios e escolas dos Estados Unidos.

Paralelamente publicou, no ano de 1858, outra coleção de "Poemas", com 300 páginas e, em 1870, a narrativa em versos, com o título "The Women who dared", sem contar outras obras de inquestionável valor.

Em 1859 traduziu e publicou no jornal "The Press ", o escrito de Tomás Celano, notável escritor franciscano, sob o título "Dies Irae".

A poesia e a música dessa "prosa", cantada nas cerimônias fúnebres, é de grandeza solene e caráter dramático.

Além do elevado número de obras por ele divulgadas, deve-se acrescentar que muitos dos seus escritos foram publicados anonimamente, deixando por isso de serem registrados em enciclopédias.

Nos últimos vinte ou trinta anos de sua fértil existência; Epes Sargent se interessou pelo Espiritismo, estudando-o profundamente após ter sido um dos que combateram e repudiaram os fenômenos insólitos ocorridos em Hydesville e Rochester, através da mediunidade das famosas irmãs Fox.

Manteve correspondência epistolar com numerosos dirigentes espíritas dos Estados Unidos e da Europa. Escreveu numerosos artigos para os órgãos que então se ocupavam da matéria.

Foram também de sua autoria as seguintes obras versando sobre Espiritismo: "Revelações do Grande Mistério Moderno Pranchetas, com teorias sobre as mesmas" (Boston, 1869), "Prancheta, ou o Desespero da Ciência face ao Espiritismo" (Boston e Londres, 1869), "A Prova Palpável da Imortalidade (Boston, 1875).

Nessa última obra ele descreve os fenômenos de materialização e tece comentários, analisando o Espiritismo face à Teologia, à Moral e à Religião.

Finalmente escreveu a obra que se tornou seu canto de cisne "Bases Científicas do Espiritismo" (Boston, 1880), precioso tratado sobre o aspecto científico da doutrina.

Em 1868 havia contraído uma afecção brônquica de que nunca mais ficou livre. No ano de 1872 visitou a Europa, permanecendo algum tempo no sul da França.

Como que pressentindo o seu próximo desenlace, pois sua saúde se agravava continuamente, trabalhou dia e noite no afã de terminar "The Scientific Basis of Spiritualism".

Finalmente foi acometido de um câncer na boca, o qual logo se propagou, impedindo sua manifestação oral e debilitando sua saúde.

No dia 30 de dezembro de 1880 seu Espírito partiu rumo à pátria espiritual, consciente de ter desempenhado uma obra de inegável valor e grande profundidade.

Epes Sargent foi um homem de talento fora do comum.

Sua operosidade foi das mais intensas, tendo mesmo merecido de Edgar Allen Poe, que havia tomado conhecimento dos seus escritos anteriormente a 1849, as seguintes palavras: É um dos mais preeminentes membros da extensíssima família Americana - a dos homens de engenho, talento e tato.

O jornal "Boston Evening Transcript", comentando o seu decesso, escreveu: "Qualquer assunto, quando descrito pela sua pena, adquiria uma forma admiravelmente original, como se fora uma nova criação."

Em obra "Bases Científicas do Espiritismo", escreveu ele: "O Espiritismo baseia-se em fatos bem estabelecidos, não só do passado, até onde a História pode alcançar, como do presente. Eles são encontrados em todas as épocas, mas sem uma explicação, apreciando-os englobadamente, porque os atribuíam a faculdades super-humanas ou supramateriais, exercidas inconsciente e anormalmente pelos chamados "instrumentos humanos", ou por seres invisíveis, manifestando-se inteligentes e capazes de vencer obstáculos materiais, não superáveis por qualquer processo físico da Ciência."

Revista O Semeador – Abril de 1981

 

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