Emanuel Von Swedenborg
Swedenborg nasceu na Suíca e foi educado pela nobreza de sua pátria, deslocando-se para Londres onde iniciou-se a sua "iluminação", porquanto desde o dia de sua primeira visão até a sua morte, 27 anos após, esteve ele em contínuo contato com o mundo espiritual de maneira ostensiva. Naquela noite, diz ele, o mundo dos espíritos, do céu e do inferno abriu-se convincentemente para mim e aí encontrei, muitas pessoas do meu conhecimento e de todas as condições. Desde então diariamente o Senhor abria os olhos do meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com os anjos e espíritos.
Swedenborg, considerado como precursor do Espiritismo, foi antes de tudo um homem de gênio, cuja genialidade empolgada o fez perder-se em algumas interpretações, naquilo que lhe era dito ou mostrado. Aceitava a Bíblia como obra de Deus, com significação diferente de seu óbvio sentido e que ele, só ele, ajudado pelos anjos seria capaz de transmitir aquele verdadeiro sentido. Essa pretensão é intolerável e por causa dela a sua obra tornou-se contraditória e nem sempre inteligível como simples e compreensíveis são os ensinamentos dos missionários quando têm por missão divulgar as leis divinas.
Swedenborg era certamente em sua época, o homem que mais conhecimentos detinha em seu possante cérebro. Era um grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militiar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos XII, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e em Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político, antecipou-se às conclusões de Adam Smith. Finalmente, era um profundo estudioso da bíblia, procedimento este que lhe marcou de maneira negativa a obra fenomenal que realizou no campo intelectual.
Em suas visões o médium falava de uma espécie de vapor que exalava dos poros do seu corpo, que sendo aquoso e muito visível caía no solo sobre o tapete. É uma perfeita descrição do ectoplasma utilizado nos efeitos físicos. Em uma dessas visões Swedenborg descreveu um incêndio em Estocolmo, a 300 milhas de distância, com perfeita exatidão. Estava ele em um jantar acompanhado de 16 pessoas que serviram como testemunhas do evento, investigado pelo grande filósofo Kant. A partir de então ele teve o privilégio de examinar várias esferas do outro mundo e, conquanto as suas idéias sobre teologia tivessem marcado as suas descrições, por outro lado a sua imensa cultura lhe permitiu excepcional poder de comparação e de observação.
Eis alguns fatos por ele observados em suas jornadas: verificou que o outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós ir para aquela a que se adapta à nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global de nossa vida, de modo que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Nessas esferas verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes.
A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência. Esses recém-vindos passavam imediatamente por um período de absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem. Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na terra e que ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.
De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde pela morte: sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Leva consigo não só as suas forças, mas os seus hábitos mentais adquiridos, as suas preocupações, os seus preconceitos. Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou não batizadas. Cresciam no outro mundo; jovens lhes serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras.
Não havia penas eternas. Os que se achavam nos infernos podiam trabalhar para a sua saída, desde que sentissem vontade. Os que se achavam no céu não tinham lugar permanente: trabalhavam por uma posição mais elevada.
Havia casamento sob a forma de união espiritual no mundo próximo, onde um homem e uma mulher constituíam uma unidade completa. É de notar-se que Swedenborg jamais se casou.
Não havia detalhes insignificantes para a sua observação no mundo espeitual. Fala de arquitetura, do artesanato, das flores, dos frutos, dos bordados, da arte, da música, da literatura, da ciência, das escolas dos museus, das academias, das bibliotecas e dos esportes. Nada lhe fugia a observação, embora que algumas vezes tenha enxertado ao ensinamento recebido as suas convicções pessoais amortecendo o brilho da revelação.
Todavia, Swedenborg foi o primeiro e, sob vários aspectos, um grande médium, sujeitos aos erros e acertos decorrentes da mediunidade quando não devidamewnte educada. Seu trabalho foi de imenso valor, no que tange aos ensinos que seriam confirmados pelo Espiritismo, e pode-se dizer que, pondo-se de lado a sua exegese bíblica, a sua obra foi um marco, um porto seguro, no imenso oceano de superstições e fanatismo em que viviam os homens de sua época.
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