Estudo e prática mediúnicos no Centro Espírita

 

Cristina Helena Sarraf

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O Centro Espírita constitui-se no ponto de referencia social em relação ao Espiritismo, por ser o local onde se reúnem aqueles que gostam de estudar a Doutrina e que desenvolvem atividades, tendo-a como base e como objetivo.

Não sendo de ninguém, mas sim de todos que dele participam, o Centro Espírita conta com a livre disponibilidade de seus componentes, para que sua vida coletiva se desenvolva e cresça em qualidade; se bem que tudo acabe influenciado pela forma de pensar e agir de seus diretores. 

 

O nome de espírita pode não significar muita coisa, se o zelo pelo estudo e pelo entendimento doutrinário não se constituírem nos objetivos maiores da orientação do Centro. Mas que essa postura não represente preconceitos e desprezo pelas demais formas de entender a vida ou pelas diferentes maneiras de se realizarem as reuniões espíritas.

Como no Espiritismo não há donos da verdade, porque ela está nas obras de Kardec, é lá que a encontraremos, cada um dentro das suas capacidades e possibilidades do momento.

 

Se estudar a Doutrina, teórica e praticamente, é a razão básica da existência dos Centros Espíritas, vale lembrar que mais importante do que saber muito é entender e usar o que se aprende, renovando as idéias e depois a forma de agir, permitindo que o Espiritismo funcione em nossas vidas. Assim, cada um no seu ritmo e no seu tempo, sem cobranças e exigências, aprende e pratica, desenvolvendo leveza, flexibilidade e alegria de viver. Até porque, não tem nenhum sentido que o Espiritismo se constitua numa obrigatoriedade, num peso e num embaraço para a pessoa viver.

 

Ponto de destaque na vida de todos, a Mediunidade como faculdade humana tem no Centro Espírita um campo fértil de utilização direta e indireta. Mas será adequada ou inadequadamente entendida e vivenciada, conforme os parâmetros estabelecidos pelos que coordenam os estudos e as reuniões.

 

Conforme seja essa direção, a participação nessas reuniões de estudos práticos do Espiritismo, poderá contribuir para que o amor cresça no Centro Espírita, como conseqüência da fraternidade que pode se estabelecer entre os que sejam beneficiados por ela e aqueles que dedicam um tanto do seu tempo para criarem as condições adequadas, a fim de que os benefícios superiores cheguem a quem deles necessita.

 

No Centro pode-se aprender a valorizar os recursos mediúnicos, desenvolvendo o zelo pelos pensamentos e sentimentos e pelos objetivos com que são usados e aplicados.

 

Esses recursos mediúnicos não são sinônimos de superioridade, mas poderão ser melhor entendidos e utilizados em beneficio de quem os possui, não só para compreender verdadeiramente as instruções espirituais, mas também para uma percepção mais acurada e a criação de sintonia com Espíritos melhores.

 

Desempenhar tarefas mediúnicas com seriedade e devoção, aumentando o entendimento do que se passa, amplia as boas ligações espirituais e eleva o bom nome do Espiritismo. Mas, imaginar-se o salvador das pessoas por causa da sua mediunidade é equivocado, já que os benefícios oferecidos não são exclusivamente seus.

 

Orgulho e vaidade enganam quanto ao potencial mediúnico e as companhias espirituais. Por isso, o estudo cuidadoso, metódico e constante de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec e a análise séria e coletiva das comunicações são indispensáveis.           

                                                          

Até mesmo o diálogo com os Espíritos que se ocupam em criar a perturbação, a desunião, a dispersão e a obsessão na vida das pessoas e nas atividades desenvolvidas no Centro, depende fundamentalmente de análises constantes, observações destemidas e treinamento contínuo de sensibilidade, observação e auto-observação.

A maioria dos Centros Espíritas do século XXI já ultrapassou a fase de sustentar-se na pessoa de um grande médium de boa vontade. Agora é o tempo de se trabalhar coletivamente, em grupos ou equipes, onde todos têm sua parte a oferecer. E é dessa ação conjunta, sólida e amorosa que a unidade se estabelece, na forma das melhores opções para todos e para o Centro.

 

Posto avançado da sociedade do futuro, cabe ao Centro Espírita do presente o grande papel de permitir que a faculdade mediúnica de todos seja entendida, bem administrada e usada conscientemente, em prol da melhoria individual e coletiva, junto com os Espíritos honestos, bons e sinceramente devotados à causa de Jesus e do Espiritismo, nesse planeta.

 

Sugestão de leitura

 

O Livro dos Médiuns, Allan Kardec – 2ª- parte, cap. XXIX – 336, 340 e 341

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